Essa
nova publicação do blog República Socialista reuni dois artigos sobre o
Massacre de Katyn acontecido no inicio da primeira guerra mundial. A divulgação
desses dois artigos que vão de encontro ao senso comum segundo o qual Katyn foi
um horrendo massacre promovido pelo Exército Vermelho contra os oficiais poloneses
a mando direto de Stálin visa atingir principalmente nossos colegas da
comunidade acadêmica. Por vezes, mesmo os historiadores cuja a obrigação é
conhecer os dois lados da moeda, não conhecem sobre esse tema senão a versão
oficial dos Estados burguês. Versão essa, pautada na mentira, na desinformação
e na falsificação deliberada.
P.S:
no final do primeiro artigo indico a fonte com o link de onde a noticia foi
retirada. Porém a página saiu do ar, e o novo endereço eletrônico do jornal A
Verdade não dispõe mais o artigo. Só foi possivel para mim publicá-lo porque disponho de uma
versão impressa que retirei do site antes dele ser redirecionado para outro
endereço. Porém a matéria pode ser encontrada no A Verdade, nº 119, de 05 de
agosto de 2010. A versão impressa que disponho tem um paragrafo danificação, que
por isso não pode ser transcrito. Em breve o incluirei a base da versão do
artigo disposta no número indicado do jornal.
o deputado Viktor Ilyukhin era membro do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa morreu no inicio do ano passado. vide nota de falecimento em: http://mamayev-kurgan.blogspot.com.br/2011/03/atualizacao-no-caso-das-falsificacoes.html
Arquivos Soviéticos foram falsificados por Yeltsin
Por: Eduardo Augusto
Em: 05 de agosto de 2010
Estes
são tempos difíceis para os defensores do capitalismo na Rússia e nos países que
integravam a União Soviética. Uma correnteza lava a história contada pelos
gobachovistas e a burguesia mundial sobre o período soviético sob a direção de
Josef Stálin. Os arquivos sobre várias das principais “evidências do terror”
das décadas de 30-40 do século passado então estão sendo novamente questionados
e postos em dúvida. O motivo principal é a aparição de um agente do governo de Yeltsin
que afirma ter participado de alterações e falsificações de vários documentos,
entre eles o de “O massacre de Katyn” e da “Carta de Béria nº 794/B” (nessa
última ele mesmo teria falsificado a assinatura de Béria).
A denúncia foi tornada pública pelo
deputado Viktor Ilyukhin, parlamentar da Duma russa pelo Partido Comunista da
Federação Russa (PCFR), que foi contado por telefone no dia 21 de maio pelo
agente que queria passar informações sobre as execuções de oficiais poloneses
em Katyn, caso conhecido como “O massacre de Katyn”. No mesmo dia, Ilyukhin
encontrou-se pessoalmente com o ex-agente de Yeltsin e um dos encarregados pela
falsificação dos documentos soviéticos do período de Stálin. De acordo com o informante,
ele resolveu falar porque não concorda com a situação que vive a Rússia e com a
liberação dos documentos falsificados para a população.
Segundo relatou o deputado Vikto
Ilyukhin, um grupo de falsificadores foi formado no inicio da década de 1990
(os documentos apareceram, “misteriosamente”, em 91-92) e eles foram providos
de altos salários e materiais para as falsificações, como velhos carimbos e
formas para carimbos soviéticos. O grupo trabalhou na cidade de Nagorno até
1996 e depois seu membros foram transferidos para vila de Zaretye. Entre os
participantes do grupo de falsificação estariam o coronel Klimov, Rudolf
Pichoya (chefe do arquivo russo), M. Poltaranin (amigo de Yeltsin) e Rogozin (chefe
de segurança do presidente russo). Há de se observar que Rudolf Pichoya foi o responsável
pela entrega dos documentos “secretos” ou “perdidos” do Pacote Fechado nº 1 (ou
Pasta de Katyn) e Lech Walesa (presidente da Polônia) em Varsóvia, no dia 14 de
outubro 1992. Ele afirmou ainda que foi ele quem falsificou a assinatura de
Béria na carta conhecida como Carta de Béria nº 794/B e também as assinaturas
de Stálin, Voroshilov, Molotov e Mikoyan.
A falsificação do grupo engloba importantes
momentos da história soviética, afim de incriminar o Estado Soviético. Buscava alterar
documentos existentes e até criar outros. Fazem partes das falsificações: o ato
de abdicação de Nicolau II, a Carta de Shelepin (que incrimina a URSS pela
morte dos cidadãos polacos) e a Carta de Béria nº 794/B. Diz ainda que sabe da
participação do 6º Instituto do Estado Maior Russo nestas alterações, acabando
por entregar vários materiais que foram usados nas falsificações. Entre eles,
fôrmas de carimbos da década de 1940, alguns carimbos falsos e marcas de
carimbos e documentos.
Viktor Ilyukin tornou públicas as
informações por meio da divulgação de um vídeo em que mostra parte do material
que tem. Entre eles há o destaque para um carimbo similar ao usado na Carta de
Béria e um documento de 202 páginas (também falsificado pelo mesmo grupo)
tendencioso e que faz crer que Stálin, mesmo sabendo de iminência da guerra com
a Alemanha nazista, não teria feito nada para a URSS se preparar.
No vídeo, o deputado afirma que o
coronel Klimov fora o único responsável pela Carta de Shelepin (de 1959,
direcionada a Kruchev), sendo então fácil comparar sua letra à letra dessa
carta por meio de perícia. Quando o informante fazia parte do grupo, chegava a
liberar milhares de páginas falsificadas. Disse que algumas ordens de
falsificação teriam vindo diretamente do chefe do arquivo russo. Provavelmente o
grupo ainda trabalha em algum lugar agora desconhecido.
Vários documentos foram avaliados
por especialistas, a pedido do PCFR, que acabaram por comprovar que os
documentos são falsos. Entre esse bolo de estaria um documento que tenta provar
parcerias entre a NKVD (polícia soviética) e a Gestapo (policia secreta
nazista).
Em seu discurso à Duma, Ilyukin fez
menção aos carimbos que tem em sua mão para falsificações em nome de Béria e
Stálin e algumas fôrmas dos anos 30 e 40 como prova. Reclamou à Duma uma comissão
para investigar o massacre de prisioneiros de guerra poloneses em Kozi Gory,
visto que, dos milhares de vítimas do “terror” dos sovietes, somente 162 crânios
foram encontrados em Kharkov e apenas 62 tinham perfurações de bala. Já em
Katyn, em sua maioria os crânios apresentavam buracos de bala. Em Mednoe, por
sua vez, dos 226 “poloneses” mortos encontrados, apenas 20 tinham marcas de
bala. O que é uma prova de que as mortes não tem conexão alguma com um
fuzilamento em massa.
O caso de Katyn é conhecido por ser
um sinal de alerte ao nível a que se chegou nos ataques ao socialismo. Para isso
são apresentados 49 pontos que comprovam a sua falsificação e que podem ser lidos,
em inglês, no blog http://mythcracker.wordpress.com.
Vários vídeos de Ilyukhin à Duma e à TV sobre o caso podem ser vistos na
Internet.
Os capitalistas podem atacar como
for o socialismo, o marxismo-leninismo, mas a história mostrou, mostra e
mostrará sempre a verdade.
Fonte
– Jornal A Verdade
31
de março de 2011. (última consulta)
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Comunistas
russos lutam contra a falsificação da História
Repor
a verdade sobre o massacre de Kátine
Por: Víktor Iliúkhine
Traduzido do original em russo pela redação do Jornal
Avante! E publicado no nº 1891, de 25 de fevereiro de 2010
A
campanha anti-soviética lançada por Goebbels em 1943 para quebrar a aliança
antifascista volta a ser hoje explorada pelo imperialismo na sua cruzada
anticomunista
Alertando para uma nova campanha
anticomunista em torno do chamado «massacre de Kátine», o deputado do Partido
Comunista da Federação Russa, Víktor Iliúkhine, numa intervenção na Duma feita
na sessão de dia 12 de Fevereiro, e que aqui publicamos, exigiu o apuramento da
verdade e o fim das falsificações da história da União Soviética.
No próximo dia 5 de Maio terá lugar
no Congresso dos EUA uma exposição dedicada ao fuzilamento dos oficiais
polacos, feitos prisioneiros pelo Exército Vermelho em 1939, durante a
incorporação da Bielorrússia ocidental e da Ucrânia ocidental na União
Soviética.
Na cerimónia de inauguração prevê-se
a participação da secretária de Estado, Hilary Clinton, de congressistas,
senadores e eminentes políticos e historiadores.
A administração dos EUA tenciona
apoiar a Polónia e a sua versão sobre o fuzilamento dos polacos na Primavera de
1940 pelas tropas do NKVD da URSS, e dessa forma agudizar mais uma vez as relações
da Rússia com a Polónia.
A partir de Março próximo decorrerá
na Polónia toda uma série de iniciativas relacionadas com a morte dos oficiais
polacos, que terão novamente um carácter anti-russo.
Tais iniciativas estão programadas
também no nosso país, nos arredores de Smolensk, onde os polacos foram
eliminados.
O presidente do governo russo,
Vladímir Pútine, convidou oficialmente o primeiro-ministro Donald Tusk a
visitar a Rússia por ocasião do 70.º aniversário da tragédia.
Este facto não suscitaria qualquer
repúdio ou objecção se não existisse uma série de outras circunstâncias.
Uma
falsificação nazi
Em
1943, Goebbels, numa tentativa de criar diferendos que desfizessem a coligação
antifascista, lançou uma repugnante campanha acusando a URSS de ter
alegadamente ordenado o fuzilamento nos arredores de Smolensk de mais de dez
mil oficiais polacos. Esta declaração foi apoiada pelo governo polaco no
exílio, dominado pelo sentimento de vingança e animosidade contra a União
Soviética devido à derrota do exército polaco na Bielorrússia ocidental e
Ucrânia e à incorporação destes territórios na URSS.
Contudo, as calúnias de Goebbels
foram então rejeitadas por todo o mundo e enquanto a União Soviética foi uma
superpotência ninguém pôs em causa que os prisioneiros foram eliminados pelos
fascistas. Todavia, nos finais dos anos 80 inícios de 90 do século passado,
surgiram alegações – não num lugar qualquer mas no nosso próprio país – de que
os polacos teriam sido fuzilados pelos Sovietes. Isto coincidiu com o processo
de interdição do PCUS que foi iniciado por Iéltsine.
O sobejamente conhecido Aleksander
Iákovlev bateu-se empenhadamente para comprometer dessa forma a URSS e torná-la
alvo da condenação mundial. De seguida teve lugar uma gigantesca operação de
adulteração e falsificação dos arquivos documentais do CC do PCUS. Mas a sua
apresentação no Tribunal Constitucional da Federação Russa em 1992-93 foi um
fiasco. Por falta de provas, Boris Iélstine e a sua equipa tiveram que desistir
das acusações contra o PCUS e contra a URSS de fuzilamento dos polacos.
Não obstante, o antigo presidente da
URSS, Mikhail Gorbatchov, sem ter estudado um só documento do arquivo
histórico, apresentou desculpas à Polónia pelo fuzilamento dos polacos. De
igual modo procedeu Boris Iéltsine. O segundo presidente da Rússia Vladímir
Pútine não só se desculpou como entregou uma série de documentos ao governo
polaco.
Falo disto com uma enorme
preocupação, e não só porque é necessário restabelecer a justiça histórica.
Hoje, no Tribunal Europeu existem 70 acções contra a Rússia interpostas por
familiares dos oficiais assassinados que exigem ser indemnizados. Após ser
examinadas pelo tribunal, a Polónia tenciona apresentar uma acção conjunta
contra a Rússia pelo fuzilamento dos oficiais reclamando uma compensação no
valor de aproximadamente 100 mil milhões de dólares. A indemnização terá de ser
paga pela Rússia, pelos nossos filhos, e não pela URSS. Podemos afirmar com
elevado grau de segurança que esta acção será decidida favoravelmente, e que as
propriedades e contas bancárias russas no estrangeiro serão confiscadas de modo
a satisfazer as pretensões polacas.
Testemunhas e balas alemãs
Há
vários anos que existe no nosso país uma comissão de historiadores, deputados
da Duma, cujo trabalho permitiu confirmar que os polacos foram fuzilados com
armas alemãs depois de, no Verão-Outono de 1941, os fascistas terem ocupado
Smolensk e os seus arredores, onde se situavam os campos em que estavam
acantoados os oficiais polacos. Foram identificadas testemunhas do massacre,
incluindo soldados alemães. Um conjunto de oficiais polacos, dados como
fuzilados, na realidade permaneceu vivo. Estabeleceram-se provas que podem
demonstrar a falsificação de documentos do CC do PCUS, que transitaram para o
arquivo do presidente Iéltsine.
Todavia, ao tentar desenvolver o seu
trabalho, a comissão tem encontrado uma resistência assinalável por parte de
uma série de ministérios e departamentos.
Sob o pretexto de que tudo está já
esclarecido recusam-lhe a consulta de documentos de arquivo, apesar de a parte
polaca ter tido amplo acesso a eles.
A comissão está a ser impedida de
aceder aos processos criminais que estão nos arquivos.
Neste sentido, o nosso grupo insiste
na criação de uma comissão parlamentar para o apuramento de todas as
circunstâncias da morte dos oficiais polacos, e solicita a reabertura da
investigação criminal destes factos pela procuradoria geral. Em simultâneo
insistimos na realização de uma investigação parlamentar sobre a morte de 80 a
120 mil oficiais do Exército Vermelho feitos prisioneiros pelos polacos em
1920.
É necessário que Vladímir Pútine
evite repetir afirmações precipitadas e muito provavelmente erradas sobre a
morte dos oficiais polacos.
Nós elaborámos um filme
histórico-documental sobre o fuzilamento dos polacos, que dentro em breve
poderá ser visto no site do PCFR.
Para terminar quero recordar uma
citação de W. Churchill: «Ao lançarmos uma discussão entre o passado e o
presente, descobriremos que perdemos o futuro». Nós queremos que o poder russo
cesse de combater o nosso passado soviético, só então o país poderá ter um belo
futuro.
Fonte
– Para a História do Socialismo
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