quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Viktor Iliúkhin e a Luta Contra as Falsificações de Katyn


Essa nova publicação do blog República Socialista reuni dois artigos sobre o Massacre de Katyn acontecido no inicio da primeira guerra mundial. A divulgação desses dois artigos que vão de encontro ao senso comum segundo o qual Katyn foi um horrendo massacre promovido pelo Exército Vermelho contra os oficiais poloneses a mando direto de Stálin visa atingir principalmente nossos colegas da comunidade acadêmica. Por vezes, mesmo os historiadores cuja a obrigação é conhecer os dois lados da moeda, não conhecem sobre esse tema senão a versão oficial dos Estados burguês. Versão essa, pautada na mentira, na desinformação e na falsificação deliberada.
P.S: no final do primeiro artigo indico a fonte com o link de onde a noticia foi retirada. Porém a página saiu do ar, e o novo endereço eletrônico do jornal A Verdade não dispõe mais o artigo. Só foi possivel para mim publicá-lo porque disponho de uma versão impressa que retirei do site antes dele ser redirecionado para outro endereço. Porém a matéria pode ser encontrada no A Verdade, nº 119, de 05 de agosto de 2010. A versão impressa que disponho tem um paragrafo danificação, que por isso não pode ser transcrito. Em breve o incluirei a base da versão do artigo disposta no número indicado do jornal.
o deputado Viktor Ilyukhin era membro do Comitê Central do Partido Comunista da Federação Russa morreu no inicio do ano passado. vide nota de falecimento em: http://mamayev-kurgan.blogspot.com.br/2011/03/atualizacao-no-caso-das-falsificacoes.html
 

Arquivos Soviéticos foram falsificados por Yeltsin

Por: Eduardo Augusto

Em: 05 de agosto de 2010

 

Estes são tempos difíceis para os defensores do capitalismo na Rússia e nos países que integravam a União Soviética. Uma correnteza lava a história contada pelos gobachovistas e a burguesia mundial sobre o período soviético sob a direção de Josef Stálin. Os arquivos sobre várias das principais “evidências do terror” das décadas de 30-40 do século passado então estão sendo novamente questionados e postos em dúvida. O motivo principal é a aparição de um agente do governo de Yeltsin que afirma ter participado de alterações e falsificações de vários documentos, entre eles o de “O massacre de Katyn” e da “Carta de Béria nº 794/B” (nessa última ele mesmo teria falsificado a assinatura de Béria).

            A denúncia foi tornada pública pelo deputado Viktor Ilyukhin, parlamentar da Duma russa pelo Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), que foi contado por telefone no dia 21 de maio pelo agente que queria passar informações sobre as execuções de oficiais poloneses em Katyn, caso conhecido como “O massacre de Katyn”. No mesmo dia, Ilyukhin encontrou-se pessoalmente com o ex-agente de Yeltsin e um dos encarregados pela falsificação dos documentos soviéticos do período de Stálin. De acordo com o informante, ele resolveu falar porque não concorda com a situação que vive a Rússia e com a liberação dos documentos falsificados para a população.

            Segundo relatou o deputado Vikto Ilyukhin, um grupo de falsificadores foi formado no inicio da década de 1990 (os documentos apareceram, “misteriosamente”, em 91-92) e eles foram providos de altos salários e materiais para as falsificações, como velhos carimbos e formas para carimbos soviéticos. O grupo trabalhou na cidade de Nagorno até 1996 e depois seu membros foram transferidos para vila de Zaretye. Entre os participantes do grupo de falsificação estariam o coronel Klimov, Rudolf Pichoya (chefe do arquivo russo), M. Poltaranin (amigo de Yeltsin) e Rogozin (chefe de segurança do presidente russo). Há de se observar que Rudolf Pichoya foi o responsável pela entrega dos documentos “secretos” ou “perdidos” do Pacote Fechado nº 1 (ou Pasta de Katyn) e Lech Walesa (presidente da Polônia) em Varsóvia, no dia 14 de outubro 1992. Ele afirmou ainda que foi ele quem falsificou a assinatura de Béria na carta conhecida como Carta de Béria nº 794/B e também as assinaturas de Stálin, Voroshilov, Molotov e Mikoyan.

            A falsificação do grupo engloba importantes momentos da história soviética, afim de incriminar o Estado Soviético. Buscava alterar documentos existentes e até criar outros. Fazem partes das falsificações: o ato de abdicação de Nicolau II, a Carta de Shelepin (que incrimina a URSS pela morte dos cidadãos polacos) e a Carta de Béria nº 794/B. Diz ainda que sabe da participação do 6º Instituto do Estado Maior Russo nestas alterações, acabando por entregar vários materiais que foram usados nas falsificações. Entre eles, fôrmas de carimbos da década de 1940, alguns carimbos falsos e marcas de carimbos e documentos.

            Viktor Ilyukin tornou públicas as informações por meio da divulgação de um vídeo em que mostra parte do material que tem. Entre eles há o destaque para um carimbo similar ao usado na Carta de Béria e um documento de 202 páginas (também falsificado pelo mesmo grupo) tendencioso e que faz crer que Stálin, mesmo sabendo de iminência da guerra com a Alemanha nazista, não teria feito nada para a URSS se preparar.

            No vídeo, o deputado afirma que o coronel Klimov fora o único responsável pela Carta de Shelepin (de 1959, direcionada a Kruchev), sendo então fácil comparar sua letra à letra dessa carta por meio de perícia. Quando o informante fazia parte do grupo, chegava a liberar milhares de páginas falsificadas. Disse que algumas ordens de falsificação teriam vindo diretamente do chefe do arquivo russo. Provavelmente o grupo ainda trabalha em algum lugar agora desconhecido.

            Vários documentos foram avaliados por especialistas, a pedido do PCFR, que acabaram por comprovar que os documentos são falsos. Entre esse bolo de estaria um documento que tenta provar parcerias entre a NKVD (polícia soviética) e a Gestapo (policia secreta nazista).

            Em seu discurso à Duma, Ilyukin fez menção aos carimbos que tem em sua mão para falsificações em nome de Béria e Stálin e algumas fôrmas dos anos 30 e 40 como prova. Reclamou à Duma uma comissão para investigar o massacre de prisioneiros de guerra poloneses em Kozi Gory, visto que, dos milhares de vítimas do “terror” dos sovietes, somente 162 crânios foram encontrados em Kharkov e apenas 62 tinham perfurações de bala. Já em Katyn, em sua maioria os crânios apresentavam buracos de bala. Em Mednoe, por sua vez, dos 226 “poloneses” mortos encontrados, apenas 20 tinham marcas de bala. O que é uma prova de que as mortes não tem conexão alguma com um fuzilamento em massa.

            O caso de Katyn é conhecido por ser um sinal de alerte ao nível a que se chegou nos ataques ao socialismo. Para isso são apresentados 49 pontos que comprovam a sua falsificação e que podem ser lidos, em inglês, no blog http://mythcracker.wordpress.com. Vários vídeos de Ilyukhin à Duma e à TV sobre o caso podem ser vistos na Internet.

            Os capitalistas podem atacar como for o socialismo, o marxismo-leninismo, mas a história mostrou, mostra e mostrará sempre a verdade.

Fonte – Jornal A Verdade

31 de março de 2011. (última consulta)

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Comunistas russos lutam contra a falsificação da História

Repor a verdade sobre o massacre de Kátine

Por: Víktor Iliúkhine

Traduzido do original em russo pela redação do Jornal Avante! E publicado no nº 1891, de 25 de fevereiro de 2010

 

 

A campanha anti-soviética lançada por Goebbels em 1943 para quebrar a aliança antifascista volta a ser hoje explorada pelo imperialismo na sua cruzada anticomunista

Alertando para uma nova campanha anticomunista em torno do chamado «massacre de Kátine», o deputado do Partido Comunista da Federação Russa, Víktor Iliúkhine, numa intervenção na Duma feita na sessão de dia 12 de Fevereiro, e que aqui publicamos, exigiu o apuramento da verdade e o fim das falsificações da história da União Soviética.

            No próximo dia 5 de Maio terá lugar no Congresso dos EUA uma exposição dedicada ao fuzilamento dos oficiais polacos, feitos prisioneiros pelo Exército Vermelho em 1939, durante a incorporação da Bielorrússia ocidental e da Ucrânia ocidental na União Soviética.

            Na cerimónia de inauguração prevê-se a participação da secretária de Estado, Hilary Clinton, de congressistas, senadores e eminentes políticos e historiadores.

            A administração dos EUA tenciona apoiar a Polónia e a sua versão sobre o fuzilamento dos polacos na Primavera de 1940 pelas tropas do NKVD da URSS, e dessa forma agudizar mais uma vez as relações da Rússia com a Polónia.

            A partir de Março próximo decorrerá na Polónia toda uma série de iniciativas relacionadas com a morte dos oficiais polacos, que terão novamente um carácter anti-russo.

            Tais iniciativas estão programadas também no nosso país, nos arredores de Smolensk, onde os polacos foram eliminados.

            O presidente do governo russo, Vladímir Pútine, convidou oficialmente o primeiro-ministro Donald Tusk a visitar a Rússia por ocasião do 70.º aniversário da tragédia.

            Este facto não suscitaria qualquer repúdio ou objecção se não existisse uma série de outras circunstâncias.

Uma falsificação nazi

Em 1943, Goebbels, numa tentativa de criar diferendos que desfizessem a coligação antifascista, lançou uma repugnante campanha acusando a URSS de ter alegadamente ordenado o fuzilamento nos arredores de Smolensk de mais de dez mil oficiais polacos. Esta declaração foi apoiada pelo governo polaco no exílio, dominado pelo sentimento de vingança e animosidade contra a União Soviética devido à derrota do exército polaco na Bielorrússia ocidental e Ucrânia e à incorporação destes territórios na URSS.

            Contudo, as calúnias de Goebbels foram então rejeitadas por todo o mundo e enquanto a União Soviética foi uma superpotência ninguém pôs em causa que os prisioneiros foram eliminados pelos fascistas. Todavia, nos finais dos anos 80 inícios de 90 do século passado, surgiram alegações – não num lugar qualquer mas no nosso próprio país – de que os polacos teriam sido fuzilados pelos Sovietes. Isto coincidiu com o processo de interdição do PCUS que foi iniciado por Iéltsine.

            O sobejamente conhecido Aleksander Iákovlev bateu-se empenhadamente para comprometer dessa forma a URSS e torná-la alvo da condenação mundial. De seguida teve lugar uma gigantesca operação de adulteração e falsificação dos arquivos documentais do CC do PCUS. Mas a sua apresentação no Tribunal Constitucional da Federação Russa em 1992-93 foi um fiasco. Por falta de provas, Boris Iélstine e a sua equipa tiveram que desistir das acusações contra o PCUS e contra a URSS de fuzilamento dos polacos.

            Não obstante, o antigo presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, sem ter estudado um só documento do arquivo histórico, apresentou desculpas à Polónia pelo fuzilamento dos polacos. De igual modo procedeu Boris Iéltsine. O segundo presidente da Rússia Vladímir Pútine não só se desculpou como entregou uma série de documentos ao governo polaco.

            Falo disto com uma enorme preocupação, e não só porque é necessário restabelecer a justiça histórica. Hoje, no Tribunal Europeu existem 70 acções contra a Rússia interpostas por familiares dos oficiais assassinados que exigem ser indemnizados. Após ser examinadas pelo tribunal, a Polónia tenciona apresentar uma acção conjunta contra a Rússia pelo fuzilamento dos oficiais reclamando uma compensação no valor de aproximadamente 100 mil milhões de dólares. A indemnização terá de ser paga pela Rússia, pelos nossos filhos, e não pela URSS. Podemos afirmar com elevado grau de segurança que esta acção será decidida favoravelmente, e que as propriedades e contas bancárias russas no estrangeiro serão confiscadas de modo a satisfazer as pretensões polacas.

Testemunhas e balas alemãs

Há vários anos que existe no nosso país uma comissão de historiadores, deputados da Duma, cujo trabalho permitiu confirmar que os polacos foram fuzilados com armas alemãs depois de, no Verão-Outono de 1941, os fascistas terem ocupado Smolensk e os seus arredores, onde se situavam os campos em que estavam acantoados os oficiais polacos. Foram identificadas testemunhas do massacre, incluindo soldados alemães. Um conjunto de oficiais polacos, dados como fuzilados, na realidade permaneceu vivo. Estabeleceram-se provas que podem demonstrar a falsificação de documentos do CC do PCUS, que transitaram para o arquivo do presidente Iéltsine.

            Todavia, ao tentar desenvolver o seu trabalho, a comissão tem encontrado uma resistência assinalável por parte de uma série de ministérios e departamentos.

            Sob o pretexto de que tudo está já esclarecido recusam-lhe a consulta de documentos de arquivo, apesar de a parte polaca ter tido amplo acesso a eles.

            A comissão está a ser impedida de aceder aos processos criminais que estão nos arquivos.

            Neste sentido, o nosso grupo insiste na criação de uma comissão parlamentar para o apuramento de todas as circunstâncias da morte dos oficiais polacos, e solicita a reabertura da investigação criminal destes factos pela procuradoria geral. Em simultâneo insistimos na realização de uma investigação parlamentar sobre a morte de 80 a 120 mil oficiais do Exército Vermelho feitos prisioneiros pelos polacos em 1920.

            É necessário que Vladímir Pútine evite repetir afirmações precipitadas e muito provavelmente erradas sobre a morte dos oficiais polacos.

            Nós elaborámos um filme histórico-documental sobre o fuzilamento dos polacos, que dentro em breve poderá ser visto no site do PCFR.

            Para terminar quero recordar uma citação de W. Churchill: «Ao lançarmos uma discussão entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro». Nós queremos que o poder russo cesse de combater o nosso passado soviético, só então o país poderá ter um belo futuro.

           

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