Discurso Pronunciado na Qualidade de Presidente do
Conselho de Comissários do Povo da URSS e Presidente do Comitê de Defesa
Nacional
Por Josef Stálin
Discurso pronunciado em 3 de julho de 1941
Camaradas!
Cidadãos! Irmãos e irmãs! Homens de nosso Exército e de nossa Marinha!
Dirijo-me
a todos vós, amigos!
O
pérfido ataque levado a efeito contra nossa Pátria pela Alemanha de Hitler,
ainda continua. Apesar da heróica resistência do Exército Vermelho, e não
obstante as melhores unidades aéreas do inimigo e as suas melhores divisões
haverem sido aniquiladas, encontrando o seu túmulo no campo de batalha, o
inimigo continua avançando e remetendo novas forças para a frente. Assim é que
essas tropas já conseguiram ocupar a Lituânia, uma parte considerável da
Letônia, a parte ocidental da Bielorússia e uma parte da Ucrânia ocidental. A
aviação fascista estendeu o raio de operação de seus aviões e bombardeou
Murmansk, Orsha, Mogilev, Smolensk, Kiev, Odessa, Sebastopol. Um grave perigo
ameaça nosso país.
Como
pôde acontecer que nosso glorioso Exército Vermelho tenha abandonado,
entregando-as aos exércitos fascistas, varias de nossas cidades e distritos?
Será realmente certo que as tropas fascistas alemães são invencíveis, conforme
é proclamado pelos vaidosos propagandistas do nazismo? Claro que não! A
história demonstra que não há exércitos invencíveis, nem os houve jamais. O
exército de Napoleão era considerado invencível, mas foi sucessivamente
derrotado pelos exércitos russo, inglês e alemão. O exército alemão do Kaiser
Guilherme II, também era considerado invencível na época da primeira guerra
imperialista, mas foi vencido varias vezes pelas forças russas e
anglo-francesas, sendo finalmente aniquilado por estas últimas. O mesmo se pode
dizer do atual exército germano-fascista de Hitler. Este exército não encontrou
ainda uma resistência séria no continente europeu; somente em nosso território
começa a encontrar essa resistência. E, em consequência da mesma, as melhores
divisões do exército nazista foram derrotadas por nosso Exército Vermelho, o
que significa que poderá e será aniquilado, como o foram os exércitos de
Napoleão e de Guilherme II.
No
que se refere à parte de nosso território que, apesar de tudo, foi invadido
pelas tropas fascistas alemãs, isso é devido, principalmente, ao fato de que a
guerra da Alemanha fascista contra a URSS iniciou-se em condições favoráveis às
forças alemãs e desfavoráveis às forças soviéticas. A verdade é que essas
tropas alemãs estavam já inteiramente mobilizadas. As 170 divisões nazistas
lançadas contra a URSS e que transpuseram as fronteiras soviéticas estavam já
completamente prontas, esperando somente o sinal para entrar em ação, enquanto
que as tropas soviéticas tiveram ainda que ser mobilizadas e dirigir-se para as
fronteiras.
É
de grande importância, a esse respeito, o fato de que a Alemanha fascista
violou repentina e perfidamente o pacto de não-agressão concluído em 1939 com a
URSS, sem ter levado em conta as suas consequências, uma vez que seria
considerada como país agressor pelo mundo inteiro. É natural que nosso país,
amante da paz, não desejava tomar a iniciativa de romper o pacto; não podia recorrer
à perfídia. Mas poder-se-ia perguntar: como pôde o governo soviético concluir
um pacto de não-agressão com demônios traidores tais como Hitler e Ribbentrop?
Não teria sido um erro do governo soviético? É evidente que não foi. Os pactos
de não-agressão, são pactos de paz entre os Estados. Tal foi o pacto que a
Alemanha nos propôs em 1939. Poderia o governo soviético repelir tal proposta?
Creio que nenhum Estado amante da paz poderia deixar de aceitar um tratado de
paz com um Estado vizinho, mesmo quando à frente deste último se encontrassem
monstros e canibais como Hitler e Ribbentrop. Mas, como era natural, isso
apenas podia ser feito sob uma condição indispensável: esse tratado de paz não
devia atentar nem direta, nem indiretamente, contra a integridade territorial,
a independência e a honra do Estado amante da paz. Como todos o sabem, o pacto
entre a Alemanha e a URSS era um pacto precisamente nessas condições. Que foi
que ganhamos com a conclusão desse pacto de não-agressão com a Alemanha? Asseguramos
a paz em nosso país durante um ano e meio; e tivemos a oportunidade de preparar
nossas tropas para fazer frente à Alemanha fascista, caso a mesma se atrevesse
a atacar nosso país, apesar do pacto. Este foi, pois, uma vantagem para nós e
uma desvantagem para a Alemanha. E que perdeu a Alemanha fascista, praticando a
suprema felonia de romper o pacto e atacando a URSS? É certo que ganhou algumas
posições vantajosas para suas tropas, por um curto período, mas perdeu no
terreno político, desmascarando-se aos olhos do mundo como um agressor
despudorado. Não pode haver dúvida nenhuma de que essa vantagem militar de
curta duração constitui, para a Alemanha, apenas um episódio, enquanto é um
fator duradouro sobre cuja base terão apoio os êxitos militares decisivos do
Exército Vermelho, na sua luta contra a Alemanha fascista.
Eis
aí porque todo o nosso valente Exército Vermelho, toda a nossa valente Marinha,
todas as nossas águias do ar, todos os povos de nosso país, todos os melhores
homens e mulheres da Europa, América e Ásia e, finalmente, os melhores homens e
mulheres da Alemanha, condenam as pérfidas ações dos fascistas alemães e
simpatizam com o governo soviético, achando que nossa causa é justa, que o
inimigo será derrotado, que nós devemos vencer.
Ao
iniciar-se esta guerra, que nos foi imposta, nosso país entrou em luta de vida
ou de morte com seu mais feroz e pérfido inimigo: o fascismo alemão. Nossas
tropas estão lutando heroicamente contra um inimigo armado até os dentes com
tanques e aviões. O Exército Vermelho, vencendo inúmeras dificuldades, disputa
abnegadamente cada polegada de solo soviético. As forças principais do Exército
Vermelho entraram em ação providas de milhares de tanques e aviões. Nossos
soldados estão demonstrando um valor inaudito. Nossa resistência ao inimigo
está crescendo em força e poderio.
Todo
o povo soviético se levanta, ombro a ombro, com o Exército Vermelho, em defesa
de nossa terra natal. Que nos falta para afastar o perigo que ameaça nosso país
e que medidas devemos tomar para aniquilar o inimigo? Antes de tudo, é
necessário que o povo soviético compreenda toda a gravidade desse perigo e
abandone toda a complacência, toda a despreocupação, todos esses estados
espirituais da época da construção pacífica e que eram naturais antes da
guerra, mas que são funestos hoje, quando a guerra tudo transformou
fundamentalmente. O inimigo é cruel e implacável. Propõe-se apoderar-se de
nossas terras, regadas com o nosso suor, deseja apoderar-se de nosso trigo, de
nosso petróleo, de todo o fruto de nosso trabalho. Tenciona restaurar o poder
dos grandes latifúndios, restaurar o tzarismo, destruir a cultura nacional e a
existência dos Estados nacionais dos russos, ucranianos, bielorrussos,
lituanos, letões, estonianos, tártaros, uzbekos, moldavios, georgianos,
armênios e outros povos da União Soviética, para germanizá-los e convertê-los
em escravos dos príncipes e barões alemães. É, portanto, uma questão de vida e
de morte para o Estado soviético e para os povos da URSS, a questão de saber se
poderão ser livres ou deverão ser escravizados.
O
povo soviético deve compreender tudo isso e abandonar toda a despreocupação;
deve mobilizar-se e reorganizar todo o seu trabalho, colocando-se em pé de
guerra, não dando quartel ao inimigo. Alem disso, não deve haver lugar em
nossas fileiras para os queixosos e cobardes, para os semeadores de pânico e
desertores; nosso povo não deve temer a luta, tomando parte ativa em nossa
guerra patriótica contra os opressores fascistas. O grande Lenine, que fundou
nosso Estado, costumava dizer que a virtude principal de nosso povo deve ser a
sua coragem, o seu valor, a sua audácia na luta. Essa esplêndida virtude
bolchevista deve converter-se na virtude de milhões e milhões de combatentes do
Exército e da Marinha Vermelhos, de todos os povos da União Soviética.
Todo
o nosso trabalho deve ser rapidamente reorganizado em pé de guerra, tudo
ficando subordinado aos interesses da frente de batalha e à tarefa de conseguir
o aniquilamento do inimigo.
Os
povos da União Soviética estão vendo agora que não se atenuou a fúria selvagem
do fascismo alemão e seu ódio a nosso país, que assegurou a todos os
trabalhadores a liberdade, o trabalho e a prosperidade. Os povos da União
Soviética devem erguer-se contra o inimigo, na defesa de sua terra e de seus
direitos. O Exército Vermelho, a Marinha Vermelha e todos os cidadãos da União
Soviética devem defender, até a última gota de seu sangue, cada polegada do
solo soviético, devem lutar até o limite de suas energias por nossas cidades e
aldeias; devem desenvolver sua iniciativa e inteligência, que são qualidades
características do nosso povo. Devemos organizar, por toda a parte, a ajuda ao
Exército Vermelho; intensificar os esforços para engrossar suas fileiras e
assegurar o seu reabastecimento em tudo quanto lhe seja necessário; organizar o
transporte rápido de tropas, víveres e munições, bem como dar a mais ampla
ajuda aos feridos.
Devemos
reforçar a retaguarda do Exército Vermelho, subordinando todo nosso trabalho a
esse objetivo; todas as nossas fábricas devem ser postas em funcionamento com
grande intensidade para produzir mais fuzis, metralhadoras, canhões, cartuchos,
obuses, aviões; devemos organizar a proteção das fábricas, centrais elétricas,
comunicações telegráficas e telefônicas, assegurando uma eficaz proteção aérea
a todas as localidades. Devemos desencadear uma luta implacável contra todos os
desorganizadores da retaguarda: desertores, semeadores de pânico, difundidores
de notícias falsas; aniquilar os espiões, sabotadores, pára-quedistas inimigos,
prestando uma rápida ajuda, para tudo isso, a nossos batalhões de caça.
Devemos
ter presente que o inimigo é pérfido, sem escrúpulos e experimentado em matéria
de mistificação e difusão de boatos. Devemos ter presente tudo isso, não nos
deixando arrastar pela provocação. Devemos levar aos tribunais militares,
imediatamente, sem contemplações pessoais, a todos aqueles que, pelo seu
espírito cobarde e desmoralizador, criarem obstáculos às tarefas da defesa. Em
caso de retirada das unidades do exército, todo o material ferroviário deve ser
transportado, não se deixando uma só locomotiva, um só vagão, um único grão de
trigo, nem um litro de combustível.
Os
colcosianos devem conduzir todo o seu gado e entregar os cereais aos organismos
do Estado para que sejam transportados à retaguarda. Todos os bens de valor,
incluindo os metais não ferrosos, cereais e petróleo, que não possam ser
transportados, devem ser destruídos. É necessário organizar, nas regiões
ocupadas pelo inimigo, destacamentos de guerrilheiros, a pé e a cavalo; criar
grupos de sabotagem, encarregados de lutar contra as tropas inimigas,
desencadear a luta de guerrilhas por toda a parte, fazendo saltar as pontes,
obstruindo as estradas, destruindo as linhas de telégrafo e telefone,
incendiando os bosques, os depósitos e os transportes.
É
necessário criar, nas zonas ocupadas, condições insuportáveis para o inimigo e
todos os seus cúmplices. Estes devem ser perseguidos e aniquilados, fazendo-se
fracassar todas às suas medidas. Esta guerra contra a Alemanha fascista não
pode ser considerada como uma guerra ordinária. Porque não é apenas uma guerra
entre dois exércitos. É a grande guerra de todo o povo soviético contra as
forças fascistas alemães. O objetivo desta guerra do povo em defesa de nosso
país contra os opressores fascistas, não visa apenas a eliminação do perigo que
ameaça nosso país, mas tem por fim também ajudar todos os povos da Europa que
gemem sob o jugo do fascismo alemão.
Nesta
guerra de libertação, não estaremos sós. Nesta grande guerra, teremos como
aliados leais, todos os povos da Europa e da América, inclusive o povo
escravizado pelo despotismo hitlerista. Nossa guerra pela liberdade de nosso
país se fundirá, com as lutas dos povos da Europa e da América pelas suas
liberdades democráticas e pela sua independência. Esta será a frente unida dos
povos partidários da liberdade contra a escravidão e a ameaça de serem
escravizados pelos exércitos fascistas de Hitler.
Sob
esse aspecto, o discurso histórico do primeiro-ministro britânico, Churchill,
em que hipoteca o seu apoio à União Soviética e a declaração do governo dos
Estados Unidos, em que este se mostra disposto a conceder ajuda a nosso país,
não podem deixar de suscitar sentimentos de gratidão no coração dos povos da
União Soviética e são perfeitamente compreensíveis e sintomáticos.
Camaradas!
Nossas
forças são incalculáveis. O presunçoso inimigo dentro em breve se convencerá
dessa verdade. Ombro a ombro com o Exército Vermelho, milhares de
trabalhadores, colcosianos e intelectuais, levantar-se-ão para lutar contra o
inimigo agressor.
A
massa de nosso povo se levanta aos milhões. Os trabalhadores de Moscou e de
Leningrado começaram já a organizar vastas milícias populares para ajudar ao
Exército Vermelho. Tais milícias populares devem ser constituídas em cada
cidade onde haja o perigo de invasão; todo o povo trabalhador deve erguer-se em
defesa de nossa liberdade, de nossa honra, de nosso país, em nossa guerra
patriótica contra o fascismo alemão.
Afim
de assegurar a rápida mobilização de todas as forças dos povos da URSS e para
repelir o inimigo que, traiçoeiramente, atacou nosso país, foi constituído o
Comitê de Defesa do Estado, que concentra em suas mãos todos os poderes
estaduais. Esse Comitê já entrou em função, e conclama todo o nosso povo a
agrupar-se em torno do Partido de Lenine e em torno do governo soviético, afim
de apoiar com abnegação o Exército e a Marinha Vermelhos, esmagar o inimigo e
conquistar a Vitória.
Todas
as nossas forças em apoio do Exército Vermelho e de nossa gloriosa Marinha
Vermelha!
Todas
as forças do povo para esmagar o inimigo!
Avante,
para a nossa Vitória!
Fonte - Arquivo Marxista na Internet
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